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Eu e ela, a querida procrastinação

"Querida" é meu ovo.

A procrastinação é um problema tão complexo para mim, que pela segunda vez eu estou procrastinando enquanto deveria estar escrevendo esse texto. Mas, a verdade é que eu enrolei pois não tinha ideia nenhuma sobre o que escrever, e as poucas ideias que eu tinha não me soavam boas. Nesses casos eu costumo dar um tempo e esperar que algo na minha vida aconteça, a ponto de me dar um estalo sobre o que escrever. Isso não aconteceu, então eu estou aqui tentando fazer um brainstorm pois meu prazo é curto. Curto, mas não terrivelmente curto e assustador. Só curto.

Ao tentar resolver a procrastinação na minha vida, eu me deparei com muitos textos diferentes sobre isso e muitas táticas a serem usadas. Nem tudo funcionou. Algumas coisas funcionaram... por um tempo. Na maioria das vezes, a minha mente luta contra essas táticas de uma forma que mal compreendo, a ponto de não me permitir lembrar que existe uma coisa chamada pomodoro. Quando a minha mente realmente não quer fazer uma tarefa, ela usa de todo tipo de arma contra mim, e a arma preferida é o esquecimento. É uma luta diária, e a minha preguiça e a minha inconstância atrapalham ainda mais.

Posso decidir hoje que quero muito aprender a tocar violão, e começar a aprender sozinha um pouco dos acordes. Amanhã eu já quero ser designer, então largo o violão e tento aprender um pouco sobre esse mundo. No outro dia, eu me culpo por perder tempo com isso quando deveria estar procurando um emprego. Isso pode parecer procrastinação para alguém que observa minha vida de fora, mas nem sempre é. 

Para os casos onde eu conscientemente procrastino, ou seja, quando minha mente já perdeu no fator esquecimento da tarefa, ela se esforça para substituir essa tarefa por qualquer outra coisa que pareça mais urgente. Por exemplo: eu deveria escrever esse texto, mas meu quarto precisa ser arrumado antes. Eu preciso mandar currículos, mas eu deveria vender essas roupas de Lolita primeiro. Eu deveria lavar roupa, mas deixa eu inventar algo aqui que parece ser mais urgente do que isso.

É realmente inacreditável o fato de eu procrastinar pra lavar roupa. Isso não dá trabalho nenhum. 
Mas será que eu realmente procrastino ou eu só não quero ouvir meu pai reclamar sobre o fato das roupas estarem penduradas no local de trabalho dele?

Na odisseia da procrastinação, um texto um específico me chamou muito a atenção: Por que procrastinadores procrastinam, do Tim Urban, traduzido para português pelo Ano Zero. Toda a construção que ele faz sobre a procrastinação, usando de elementos metafóricos e desenhos para exemplificar como um cérebro procrastinador funciona, é fantástica. Ler sobre isso me ajudou a entender muito mais sobre mim, mas eu já li esse texto há anos e eu ainda não soube resolver o meu problema. 

Acho que é porque não existe caminho fácil para fora daqui. Como ele mesmo diz, todos os dias devemos recomeçar até estarmos um pouco melhores do que éramos antes.

O que mais me chamou a atenção nesse texto foi a ideia do "Monstro do Pânico", que acorda quando um prazo está terrivelmente próximo, colocando em risco algum aspecto da vida social, se não for cumprido. O Monstro do Pânico permite que uma pessoa procrastinadora, que enrolou a respeito de um trabalho durante duas semanas, termine-o em poucas horas. E, é claro, será um trabalho extremamente malfeito.

Isso me fez descobrir que eu não reajo ao Monstro do Pânico. Prazos curtos demais me paralisam, me fazem agir de forma contrária. Meu cérebro pensa: para quê vou ficar a noite toda fazendo isso? Para quê vou me estressar com isso? No final, o trabalho vai ficar tão ruim que é melhor nem entregar e poupar esse corpo de estresse e falta de sono.

Nenhuma das duas atitudes faz bem para minha autoconfiança, nem fazer um trabalho terrível em poucas horas, nem deixar de fazê-lo pelo prazo curto. As duas atitudes são destrutivas e significam derrota. E meu cérebro está tão acostumado a ser derrotado todos os dias pela procrastinação, pela gratificação instantânea, que é difícil lutar. Neste exato momento estou lutando contra a vontade de continuar a leitura do livro que interrompi ontem. 

E então, eu destrincho sobre a procrastinação novamente, tentando entender como esse cérebro perturbado funciona, escrevendo tudo que eu penso nesse blog para tentar solucionar esse problema. E ainda não sei uma resposta.

No momento, o que está funcionando para mim é uma planilha de horários impressa. Nela eu seleciono horários para procrastinar (e fico ansiosa para que esses horários cheguem logo) e horários para fazer outras coisas. Minha mente ainda me trapaceia, me fazendo confundir os horários e esquecer o que eu deveria fazer, mesmo que eu tenha acabado de olhar. Mas, até hoje, foi a ferramenta que deu certo por mais tempo. Já tem uma semana que eu estou um pouco melhor do antes, e pretendia ser melhor ainda essa semana... Mas acho que falhei mais do que acertei desta vez. Em retrospectiva, percebo que usei a desculpa do "isso é mais importante do que aquilo" para procrastinar um pouco mais. E, novamente, minha autoconfiança é golpeada, e minha razão é derrotada mais uma vez.

Minha única opção é continuar tentando, continuar tropeçando nesse caminho.

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