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Sinestesia

Quando eu abri meus olhos pela primeira vez, eu ainda não podia ver. Aquela luminosidade proveniente dos círculos de luz feria meus olhos, acostumando à escuridão líquida. Os meus ouvidos, que antes só percebiam sussurros atravessados, agora lidavam com uma miríade de sons novos e assustadores, vermelhos. 
Eu fui envolvido por coisas suaves, mas que pareciam ásperas em contato à minha pele sensível. E tudo parecia ser feito de luz branca escoando por formas novas.
Era tudo tão diferente dos sons negros aos quais eu estava acostumado... eu desejei voltar, tentei dizer àquele mundo novo que eu não o queria, mas não havia luz na minha voz. E as cordas que formavam o que eu era se esticavam e contraíam como se eu fosse feito de lã branca, lã escura.
Veludo branco e escuro.
Mas então ouve aquele som. Uma ternura macia que eu já tinha ouvido antes, e que fazia parte de mim, tanto quanto meus olhos e minha pele. Eu ouvi e degustei aquele som, e era doce. Não havia mais contrações, apenas um recolhimento.
Aquele som era cheio demais de luz para que eu pudesse ignorá-lo. Meus olhos se abriram novamente para o mundo brilhante, e ele tinha uma nova luz. Uma luz macia, que tinha o cheiro da doce e límpida vida.
Foi somente quando eu olhei para ela que eu pude dizer que eu havia nascido. 


Seja forte.

Se for para algum pensamento me perseguir, que seja esse. Todos os dias eu preciso repetir: seja forte.
O que é ser forte? Essa é uma pergunta cuja resposta muda todos os dias.
O que é ser forte hoje?
Não deixar a preguiça me consumir. Não ficar estática na cama, no celular, no notebook. Fazer algo.
Fazer o quê?
Hoje? Hoje eu vou exercitar o único talento que tenho certeza que eu tenho: escrever.
Escrevendo e postando nesse blog, exercito meu talento e não me torno uma inútil.
Essa é a minha força para hoje.