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Sinestesia

Quando eu abri meus olhos pela primeira vez, eu ainda não podia ver. Aquela luminosidade proveniente dos círculos de luz feria meus olhos, acostumando à escuridão líquida. Os meus ouvidos, que antes só percebiam sussurros atravessados, agora lidavam com uma miríade de sons novos e assustadores, vermelhos. 
Eu fui envolvido por coisas suaves, mas que pareciam ásperas em contato à minha pele sensível. E tudo parecia ser feito de luz branca escoando por formas novas.
Era tudo tão diferente dos sons negros aos quais eu estava acostumado... eu desejei voltar, tentei dizer àquele mundo novo que eu não o queria, mas não havia luz na minha voz. E as cordas que formavam o que eu era se esticavam e contraíam como se eu fosse feito de lã branca, lã escura.
Veludo branco e escuro.
Mas então ouve aquele som. Uma ternura macia que eu já tinha ouvido antes, e que fazia parte de mim, tanto quanto meus olhos e minha pele. Eu ouvi e degustei aquele som, e era doce. Não havia mais contrações, apenas um recolhimento.
Aquele som era cheio demais de luz para que eu pudesse ignorá-lo. Meus olhos se abriram novamente para o mundo brilhante, e ele tinha uma nova luz. Uma luz macia, que tinha o cheiro da doce e límpida vida.
Foi somente quando eu olhei para ela que eu pude dizer que eu havia nascido. 


Seja forte.

Se for para algum pensamento me perseguir, que seja esse. Todos os dias eu preciso repetir: seja forte.
O que é ser forte? Essa é uma pergunta cuja resposta muda todos os dias.
O que é ser forte hoje?
Não deixar a preguiça me consumir. Não ficar estática na cama, no celular, no notebook. Fazer algo.
Fazer o quê?
Hoje? Hoje eu vou exercitar o único talento que tenho certeza que eu tenho: escrever.
Escrevendo e postando nesse blog, exercito meu talento e não me torno uma inútil.
Essa é a minha força para hoje.

Is this the real life?

Quando você lê um livro, você pode ter certeza de que o que está escrito ali não é real? Você pode saber se o autor não sentiu, não viu tudo aquilo que escreveu? Afinal, há coisas fantásticas demais nesse mundo, coisas que as pessoas não aceitariam se lhes fossem apresentadas como fatos e não como ficção. Você, autor, não acredita em tudo que escreve? Por que aquilo que você escreve te descreve. Como é possível afirmar que algo não é real? Você pode provar para mim que todas as coisas maravilhosas no mundo são falsas? Tudo é real, tudo existe. Os humanos subestimam demais seu próprio poder de criar. Não sabeis que sois deuses? Seu próprio deus não lhe fez à sua imagem e semelhança? Não te dotou do poder de criar? Como é possível que algumas coisas sejam reais e outras não?



Is this just fanta sea?

Qual o gosto do fim?

Como uma coisa tão bonita e aparentemente tão sólida pode ruir tão rapidamente? Será que os alicerces foram mal construídos? Ou será que foi um terremoto, um tsunami, que chega de repente e destrói tudo? Só havia duas opções: ou fazer uma coisa impossível para salvar tudo ou deixar ruir... e os engenheiros fracos de espírito desistiram antes do final. Mas será que, se não houvessem desistido, teriam conseguido salvar tudo?
Aos poucos, um novo projeto vai sendo desenhado e alterado conforme as circunstâncias. Os dois engenheiros envolvidos não tem voz um com o outro e seus planos nunca se encaixam. Então cada um faz um projeto próprio e torce para que no final tudo dê certo. Mas não vai dar, enquanto eles não se sentarem numa mesa e conversarem. decidirem os planos para o futuro, em conjunto.
Infelizmente, todas as conversas anteriores terminaram em lágrimas e não em pizza. Agora os engenheiros se separaram de vez. Cada um decidiu um projeto e vai tocá-la adiante, sem se importar com o do outro. Quando tudo estiver terminado, será que eles vão se arrepender de terem se separado? Espera-se que não, pois é muito triste, depois de se construir um prédio inteiro, se arrepender. Chega um ponto em que não dá mais pra voltar atrás, não dá pra dizer que se arrependeu, não dá pra consertar. Só o que se pode fazer é procurar aquele que um dia esteve do seu lado e pedir perdão. E rezar para que o outro te perdoe, perdoá-lo e também perdoar a si mesmo. Por que tudo que se faz sozinho é menos bonito do que aquilo que se faz em conjunto. Uma vida sozinho não é a mesma coisa que uma vida ao lado de quem você ama.