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Fantasias sexuais - o mundo BDSM

Eu sabia que eu iria procrastinar para escrever esse texto. 

Sinceramente, eu nunca antes parei para pensar realmente em tudo que engloba essa sigla, em todo o universo de coisas bizarras e medonhas que pode haver por trás disso. Tudo que eu conhecia desse universo eram algemas e chicotes, e não sei se tenho interesse de ir muito além disso, pois já não gosto de algemas e chicotes. Não consigo sentir prazer se no meio disso existir alguma dor ou incômodo, e imaginar que eu estou causando dor ou incômodo em alguém também não me permite sentir prazer.
É impossível não pensar, mesmo olhando de relance, o que eu sentiria se eu estivesse no lugar de uma pessoa em uma situação de dor, humilhação, desconforto ou qualquer coisa que os praticantes de BDSM acham prazeroso. E, ao imaginar o que eu sentiria, eu perco qualquer tesão ou prazer que poderia estar sentindo, pois não acho prazeroso sentir dor.

Exceto por alguns tapas, por que tapa não dói.

Consigo ter empatia suficiente para entender por que as pessoas gostariam de dominar ou de ser dominadas, mas não consigo sentir a mesma coisa. Talvez por que eu não acredite que relações românticas envolvendo poder sejam saudáveis e/ou duradouras, então trazer poder para o lado sexual, que para mim é a consumação do amor, não parece saudável. Para mim, o sexo deve ser sempre uma relação onde os dois tem poder, então comigo não funciona esse negócio de submissão. Ser vendada? Não lido bem com suspense e ansiedade. Vendar alguém? Talvez eu tenha empatia demais, e não consiga ver alguém vendado sem imaginar como eu me sentiria. Ser amordaçada? Já mal conseguia ficar com a boca aberta no dentista, imagina com uma bola de metal na boca? Meus maxilares merecem liberdade de expressão.
E odeio sentir dor. Sei disso pois já permiti que eu fosse amarrada na cama uma vez, mas não é uma experiência que eu gostaria de repetir. Meus pulsos doem, meus ombros tensionam, meus braços se cansam, e misturar isso com prazer é terrivelmente indigesto. Se isso já foi desagradável, imagina o resto? Não quero imaginar. Novas formas de sentir dor? Tratar a pessoa amada como um pet? Não me traz nenhuma ideia de prazer.

É óbvio que ainda utilizamos de práticas de BDSM no nosso dia a dia, mesmo que sejam mais suaves. Tapas, mordidas, arranhões, coisas do tipo. Mas, pelo menos para mim, isso não causa dor ou desconforto. Agora, um peso nos mamilos? Argh. Ser suspensa pelas mãos? Só de ver uma pessoa passando por isso me faz imaginar dor. Por que eu iria querer passar por isso ou ver alguém passando por isso?

Novamente, não suporto sentir dor ou desconforto de qualquer tipo. Isso me faz pular fora, quase que literalmente.

Por mais que eu pense sobre o assunto, por mais que eu considere, por mais que eu tente imaginar como eu realmente me sentiria... O mundo BDSM não é para mim. 

Eu e ela, a querida procrastinação

"Querida" é meu ovo.

A procrastinação é um problema tão complexo para mim, que pela segunda vez eu estou procrastinando enquanto deveria estar escrevendo esse texto. Mas, a verdade é que eu enrolei pois não tinha ideia nenhuma sobre o que escrever, e as poucas ideias que eu tinha não me soavam boas. Nesses casos eu costumo dar um tempo e esperar que algo na minha vida aconteça, a ponto de me dar um estalo sobre o que escrever. Isso não aconteceu, então eu estou aqui tentando fazer um brainstorm pois meu prazo é curto. Curto, mas não terrivelmente curto e assustador. Só curto.

Ao tentar resolver a procrastinação na minha vida, eu me deparei com muitos textos diferentes sobre isso e muitas táticas a serem usadas. Nem tudo funcionou. Algumas coisas funcionaram... por um tempo. Na maioria das vezes, a minha mente luta contra essas táticas de uma forma que mal compreendo, a ponto de não me permitir lembrar que existe uma coisa chamada pomodoro. Quando a minha mente realmente não quer fazer uma tarefa, ela usa de todo tipo de arma contra mim, e a arma preferida é o esquecimento. É uma luta diária, e a minha preguiça e a minha inconstância atrapalham ainda mais.

Posso decidir hoje que quero muito aprender a tocar violão, e começar a aprender sozinha um pouco dos acordes. Amanhã eu já quero ser designer, então largo o violão e tento aprender um pouco sobre esse mundo. No outro dia, eu me culpo por perder tempo com isso quando deveria estar procurando um emprego. Isso pode parecer procrastinação para alguém que observa minha vida de fora, mas nem sempre é. 

Para os casos onde eu conscientemente procrastino, ou seja, quando minha mente já perdeu no fator esquecimento da tarefa, ela se esforça para substituir essa tarefa por qualquer outra coisa que pareça mais urgente. Por exemplo: eu deveria escrever esse texto, mas meu quarto precisa ser arrumado antes. Eu preciso mandar currículos, mas eu deveria vender essas roupas de Lolita primeiro. Eu deveria lavar roupa, mas deixa eu inventar algo aqui que parece ser mais urgente do que isso.

É realmente inacreditável o fato de eu procrastinar pra lavar roupa. Isso não dá trabalho nenhum. 
Mas será que eu realmente procrastino ou eu só não quero ouvir meu pai reclamar sobre o fato das roupas estarem penduradas no local de trabalho dele?

Na odisseia da procrastinação, um texto um específico me chamou muito a atenção: Por que procrastinadores procrastinam, do Tim Urban, traduzido para português pelo Ano Zero. Toda a construção que ele faz sobre a procrastinação, usando de elementos metafóricos e desenhos para exemplificar como um cérebro procrastinador funciona, é fantástica. Ler sobre isso me ajudou a entender muito mais sobre mim, mas eu já li esse texto há anos e eu ainda não soube resolver o meu problema. 

Acho que é porque não existe caminho fácil para fora daqui. Como ele mesmo diz, todos os dias devemos recomeçar até estarmos um pouco melhores do que éramos antes.

O que mais me chamou a atenção nesse texto foi a ideia do "Monstro do Pânico", que acorda quando um prazo está terrivelmente próximo, colocando em risco algum aspecto da vida social, se não for cumprido. O Monstro do Pânico permite que uma pessoa procrastinadora, que enrolou a respeito de um trabalho durante duas semanas, termine-o em poucas horas. E, é claro, será um trabalho extremamente malfeito.

Isso me fez descobrir que eu não reajo ao Monstro do Pânico. Prazos curtos demais me paralisam, me fazem agir de forma contrária. Meu cérebro pensa: para quê vou ficar a noite toda fazendo isso? Para quê vou me estressar com isso? No final, o trabalho vai ficar tão ruim que é melhor nem entregar e poupar esse corpo de estresse e falta de sono.

Nenhuma das duas atitudes faz bem para minha autoconfiança, nem fazer um trabalho terrível em poucas horas, nem deixar de fazê-lo pelo prazo curto. As duas atitudes são destrutivas e significam derrota. E meu cérebro está tão acostumado a ser derrotado todos os dias pela procrastinação, pela gratificação instantânea, que é difícil lutar. Neste exato momento estou lutando contra a vontade de continuar a leitura do livro que interrompi ontem. 

E então, eu destrincho sobre a procrastinação novamente, tentando entender como esse cérebro perturbado funciona, escrevendo tudo que eu penso nesse blog para tentar solucionar esse problema. E ainda não sei uma resposta.

No momento, o que está funcionando para mim é uma planilha de horários impressa. Nela eu seleciono horários para procrastinar (e fico ansiosa para que esses horários cheguem logo) e horários para fazer outras coisas. Minha mente ainda me trapaceia, me fazendo confundir os horários e esquecer o que eu deveria fazer, mesmo que eu tenha acabado de olhar. Mas, até hoje, foi a ferramenta que deu certo por mais tempo. Já tem uma semana que eu estou um pouco melhor do antes, e pretendia ser melhor ainda essa semana... Mas acho que falhei mais do que acertei desta vez. Em retrospectiva, percebo que usei a desculpa do "isso é mais importante do que aquilo" para procrastinar um pouco mais. E, novamente, minha autoconfiança é golpeada, e minha razão é derrotada mais uma vez.

Minha única opção é continuar tentando, continuar tropeçando nesse caminho.

O reflexo do futuro no agora

O que eu quero para meu futuro deve refletir nas minhas ações hoje. Espera aí! Por que eu utilizei “deve refletir” ao invés de simplesmente “reflete”? Pois nem sempre é simples determinar exatamente o que se quer no futuro, então as ações do presente podem ser confusas. Não saber para onde se vai é a maneira mais certa de andar em círculos.

Logo, a questão mais importante para escrever sobre “o reflexo do futuro no agora” é exatamente decidir o meu futuro. Ou, pelo menos, decidir qual objetivo seguirei, pois a vida é traiçoeira e injusta e todos os meus planos podem desmoronar a qualquer momento. É pela pequena possibilidade de meus objetivos se concretizarem que farei meus planos.

Ou, talvez, pela possibilidade não tão pequena assim.

Iniciarei pelo mais simples, em minha opinião. Traçarei os caminhos que não quero seguir.

Não tenho nenhum interesse em voltar à faculdade de Jornalismo. Agora percebo que meu único objetivo ao iniciar esse curso foi fugir da Engenharia Química, que me aterrorizava por exigir de mim mais disciplina com os estudos do que eu efetivamente tinha. Mal sabia eu que a UFMG me exigiria o dobro. Por esse motivo, não tomei nenhuma atitude para voltar ao Jornalismo.

Não pretendo voltar a trabalhar com Vendas. Sei que futuramente precisarei vender minha imagem, precisarei vender ideias, vender propostas, empresas, serviços... Mas tudo isso será apenas uma pequena parte de uma grande ideia. Não quero que minha renda dependa exclusivamente da venda direta de produtos. Não mais. Precisei me endividar para entender que isso não faz parte da minha gama de habilidades, e nada que eu fiz, nenhum truque, nenhuma estratégia, pôde me forçar a trabalhar com isso.

De todas as coisas que eu não quero em minha vida, existe uma coisa em especial. Uma coisa que me atingiu com a força de uma bomba atômica na última quarta, e que me fez reescrever esse texto do zero. Algo que eu já sabia sobre mim, mas que havia me esquecido. Algo pelo qual já passei, mas que lutei contra, pois não suportava.
Desde criança, eu sempre soube de duas coisas.
Uma: Existindo a possibilidade de fazer faculdade de graça, eu não pagarei.
Duas: Jamais, em tempo algum, precisarei depender do dinheiro de alguém para sobreviver.
Foi esta última que me moveu em direção ao meu primeiro emprego, mesmo sendo completamente fora da ideia de futuro que eu tinha para mim.
Mas, ontem, eu precisei da ajuda de meu pai. Pois eu não tinha dois reais para completar o dinheiro da passagem.
Ah, Deus, isso doeu.
E como doeu.
E o que dói mais é que eu sei que foi minha escolha estar onde estou.

Eu estou tentando. Juro que estou tentando. Todos os dias eu tento, cada dia com uma intensidade diferente. Eu tento ter disciplina. Eu tento não procrastinar. Eu tento procurar um emprego. Mas, às vezes, isso dói tanto!
Dói tanto que às vezes penso que tudo que poderia querer para meu futuro é simplesmente ter forças para não desistir da vida. E que isso já seria uma vitória.
Mas os meus problemas não vão se resolver automaticamente com minha morte. Se, por acaso, isso resolvesse algo, talvez eu já tivesse tentando.

Mas, agora, o que eu quero?

Eu tenho um sonho, e dói imaginar o quão longe esse sonho está de ser realizado. Na verdade, são dois sonhos, mas um arde mais em meu peito do que o outro. Por que escrever livros não é exatamente um sonho, mas um objetivo que eu sei que um dia realizarei.
Agora, aprender a cantar... Isso está tão distante de mim que mais parece um devaneio. E, diferentemente de escrever, isso não é uma coisa que eu possa aprender sozinha. Para aprender a cantar, preciso de alguém para me ensinar, ou jamais saberei se estou fazendo certo ou se estou simplesmente destruindo minha voz. Eu ouço esses cantores com essas vozes maravilhosas e eu desejo que um dia minha voz consiga se mover por esses tons sem falhar. E eu não sei o que fazer a respeito disso, pois minha cabeça se confunde com vários outros objetivos... Mas esses outros objetivos são hobbies, não sonhos. Às vezes me esqueço disso.

Sabe o que realmente quero? Achar alguma forma de ter dinheiro investido o suficiente para que eu possa sobreviver só com seus lucros, ou trabalhando poucas horas por semana. E, dessa forma, ter tempo livre e dinheiro para perseguir cada um desses sonhos, cada um desses hobbies, e até mesmo experimentar aprender coisas que jamais imaginei. Ter tempo livre para escrever cada um dos meus livros, sem me preocupar com contas no fim do mês. Poder pagar aulas particulares de canto, piano, balé, violino, desenho, até mesmo teatro, se um dia eu quiser. Poder passar o resto dos meus dias aprendendo um pouco sobre tudo.

Mas nada disso se realizará enquanto eu não alcançar a disciplina exigida.


E a disciplina está sendo algo difícil de ser alcançado. Eu falho todos os dias... Em alguns eu falho menos, em outros, falho mais. É difícil me manter constante, é difícil me manter focada. Alguns truques vem me ajudando, mas eu costumo ignorá-los. Logo, creio que meu objetivo primário deve ser me fortalecer para manter uma disciplina, e então terei a força para trabalhar nos outros sonhos. 

Mas qual sonho seguir primeiro? Ainda estou perdida.

O amor e suas implicações

Ah, o amor...
Objeto de tantas divagações, devaneios e estudos. Deduções simplistas ou compostas, explicações poéticas ou matemáticas, o amor sempre foi alvo de estudos por toda sorte de pessoas.
Luiz Vaz de Camões já dizia: o amor é fogo que arde sem se ver. Para mim, isso soa como algo que queima dentro de você antes mesmo que você perceba, algo que os filmes de comédia romântica exploraram até a exaustão: os dois pombinhos apaixonados negando o que sentem um pelo outro.
Mas, obviamente, uma descrição como essa passa longe de englobar todos os tipos de amor. Para exemplos mais realistas, eu prefiro a Teoria Triangular do Amor.
A Teoria Triangular do Amor fala sobre como a Paixão, a Intimidade e o Compromisso se relacionam numa base triangular, criando diferentes tipos de amor a partir da combinação entre esses elementos. Essa teoria é interessante pois consegue abranger, de forma simples, uma grande parcela dos tipos de amor existentes no mundo.



A junção desses três elementos constrói o amor pleno, o amor realizado, o amor completo. E o que me chama a atenção nessa teoria é como o Compromisso exerce um papel fundamental na manutenção desse amor pleno. Quando iniciamos nossas aventuras pelo extenso campo do amor, pensamos que a Paixão é suficiente para que todos os obstáculos se superem. Pensamos que esse sentimento um pelo outro já basta, e então tudo será adicionado automaticamente. E ler apenas um pouco sobre a Teoria Triangular do Amor já permite o entendimento de que o amor pleno implica, acima de tudo, no compromisso de manter essa relação.
É necessário esforço para conquistar Intimidade um com o outro. Mas, uma vez que essa intimidade nasce, ela é mantida e aumentada sem muitos problemas.
É necessário esforço para manter a Paixão inicial em todos os dias do relacionamento. Mas, existindo o Compromisso um com o outro, esse esforço começa a se tornar algo divertido, algo natural.
Na minha opinião, a parte mais difícil na conquista do amor pleno é manter o Compromisso. Não é algo que você adquire uma vez e que se mantém automaticamente. Não é algo simples, que possa ser resolvido comprando alguma coisa. O Compromisso é uma atitude diária de se importar com o outro, de ter responsabilidade com a relação, e de analisar cada situação difícil sob a ótica apropriada. Às vezes será necessário que uma mesma situação seja tratada de forma diferente e, nesse caso, é a Intimidade que revelará qual a melhor ação, e é o Compromisso que te fará executá-la.
Identificar que algo precisa ser feito, e até mesmo o que exatamente precisa ser feito, não é a parte mais complicada.
O complicado mesmo é ter o Compromisso de fazer o que precisa ser feito todos os dias.

Por isso, para mim, nada é mais correto do que dizer que o Amor Pleno implica essencialmente em Compromisso. Sem ele, nenhuma relação é duradoura, nenhuma relação se mantém.

Tudo me serve, nada me serve.

O tudo é amplo demais para que eu possa considerar que todas as coisas no tudo servem para mim.
Por exemplo, não me dou bem com Medicina, apesar de achar a anatomia humana interessante. Eu prefiro Engenharia Química, mas eu realmente não suporto Termodinâmica e às vezes penso se não seria melhor ir para a área de Humanas, já que tudo na Exatas envolve Física. 
Eu tenho uma preferência por mulheres, especialmente as magrinhas e pequenininhas e fofinhas como a Louie do canal Louie Ponto. Mas eu estou namorando um homem, e tudo bem.
Eu gosto que as pessoas ao meu redor deem risada, por isso acabo não me relacionando muito bem com pessoas sérias demais. Entretanto, às vezes eu preciso de uma conversa séria sobre assuntos pessoais. E tá tudo bem também precisar dessas coisas.
Eu me identifico muito com pessoas mais novas do que eu, pois ainda me sinto uma adolescente. Só que a maioria das pessoas com quem eu convivo é mais velha do que eu.
Ás vezes eu amo essa dualidade que existe em mim, de gostar dos dois extremos e transitar entre eles sem problemas. Às vezes eu acho muito difícil definir exatamente as coisas que eu gosto e que eu não gosto, por conta dessa dualidade tão forte.

Ainda me sinto presa à essas amarras de preferências. Gostaria de não ter preferências, preconceitos nem de prejulgar as pessoas. É difícil falar sobre coisas que eu não gosto. Eu me esforcei para garantir que meu consciente questionasse cada pensamento meu no qual houvesse algum tipo de preconceito ou pré-julgamento.
É difícil admitir, por exemplo, que talvez eu não vá me relacionar bem com travestis e drag queens.
Esforço-me para não ter nenhum tipo de pré-julgamento a respeito de pessoas trans. Mas é difícil ter esse mesmo tipo de pensamento a respeito de travestis e drag queens, pois eu penso, e reitero que isso é um achismo de minha parte, que eu não me daria bem com os dois mundos nos quais essas pessoas transitam.
É difícil admitir para mim mesma que eu não tenho nem teria interesse romântico em pessoas acima da minha faixa etária. Digamos, no mínimo uma década acima. É difícil admitir que eu tenho um pré-julgamento sobre como essas pessoas pensam e agem. É difícil acreditar que essa relação não seria paternalista e que eu não seria tratada de forma condescendente.
Talvez tudo isso sobre o que estou falando não seja considerado preconceito por alguns, e sim apenas preferências afetivas. Mas, como tudo que falo envolve pré julgamento, algo que não necessariamente engloba todas as pessoas desses universos, para mim isso é preconceito.
E é difícil admitir que eu tenho preconceitos.
É uma tarefa complicada apontar para mim mesma de forma negativa.
É difícil dizer que, embora eu ache as mulheres muito mais bonitas e melhores do que os homens, talvez eu não consiga manter uma relação afetiva saudável com uma. Simplesmente pelo fato de achar que eu não vou gostar muito de fazer sexo oral em uma mulher. Isso não parece engraçado? E irônico.

Ter preferências às vezes parece um processo normal. Mas, para mim, parece algo errado de se fazer. Eu não tenho nenhum interesse sexual em alguém se antes não houver interesse romântico. Não é estranho dizer que por causa de uma característica ou outra, eu vou negar esse interesse amoroso ou talvez até mesmo não conseguir senti-lo em momento algum?

Mas de uma coisa eu sei: essa história de "nada me serve" é balela. Não posso dizer que "nada me serve". Algumas coisas nesse amplo universo me são úteis e eu as quero para minha vida. Mas eu não quero o nada.
O nada é uma parte do tudo, assim como o espaço vazio entre o núcleo do átomo e os elétrons é uma parte do átomo. E eu não quero o nada. Não quero o vazio, a falta de significado. Quero algo que faça sentido para minha cabeça racional e cética.
Contudo, eu preciso admitir para mim mesma que eu frequentemente desejo o nada, que eu frequentemente desejo o vazio da morte. Como um clarão na mente, um relâmpago no céu azul, o pensamento suicida me surge e logo vai embora, deixando em mim a preocupação por ser uma ideia tão recorrente. Mas eu sei que isso não é algo para mim. E como eu sei disso?
Eu sei disso pois eu ainda tenho esperança. Esperança em mim, em minha melhora, em meu crescimento.
A esperança sempre foi minha maior arma contra o nada.
E eu tenho esperança de que, um dia, talvez, eu consiga eliminar mais alguns desses preconceitos.
Meu coração busca a abrangência e a aceitação alheia em seu máximo.